Mestre Valdenor

Nome: Valdenor Silva dos Santos

Nascimento: 09/09/1951

Naturalidade: Mairi/BA

Nacionalidade: Brasileiro

Residência: São Paulo/SP

Filiação:

Elenita Silva dos Santos

Juvenal V. dos Santos

Irmãos:

Gerson Vieira


Cônjuge: Lisandra Pingo


Filhos:

Analu Morais

Gislene Morais Dos Santos

Sheila M. Santos

Valdenor Morais Dos Santos


Mestre: José de Andrade


Graduação: Mestre

Valdenor Silva dos Santos, (Mairi, 9 de Setembro de 1951), Mestre de Capoeira.



“Nasci em Mairi – sertão árido da Bahia próximo a Feira de Santana, onde a cultura do sisal sempre foi muito forte – em nove de setembro de 1951. Eu e meus pais, Juvenal V. dos Santos e Elenita Silva dos Santos, chegamos em 1954 à Santo André, município do Grande ABC Paulista, na época, um dos polos industriais mais importantes da região.

Trago comigo uma história semelhante a de muitos retirantes do Nordeste, que migraram para a cidade grande em busca de melhores condições de vida. Mais tarde, soube que o motivo de meus pais terem deixado a vida na roça era o investimento em minha educação.

Após o grupo escolar, onde fiz o antigo primário, fui matriculado na escola de ensino privado, Senador Flaquer, no centro de Santo André, onde passei a ter contato com crianças de outras classes sociais.

Em janeiro de 1963, fui com meus pais visitar Mairí, na Bahia. Era a primeira vez que via meu pai tão feliz e descontraído, junto aos familiares e amigos, particularmente por ocasião da Folia de Reis, manifestação cultural que ele abandonara quando da chegada à São Paulo, uma vez que a luta pela sobrevivência, como carpinteiro de ofício, o afastou definitivamente de suas raízes culturais. Foi um momento importante de minha adolescência, em que pude ver meu pai cantar e tocar pandeiro, alternando chamados e respostas típicas do reisado, uma prática comum nas manifestações culturais de origem africana, e que teve grande influência no meu percurso na capoeira.

Em agosto de 1969, recém-saído do Serviço Militar de Guerra, comecei a praticar halteres em uma academia. No terceiro dia de treino, observei um jovem gesticulando e conversando com o proprietário da

mesma, quando, de repente, começou a fazer alguns meneios com o corpo - golpes e saltos era o Mestre Andrade, demonstrando-lhe o que era a capoeira. Três dias foram suficientes para que eu abandonasse o halterofilismo e me iniciasse nessa arte e luta brasileira, indo ao encontro de uma prática cultivada por meus antepassados.

Quando comecei a praticar capoeira, não tinha a menor consciência do que ela iria representar em minha vida, embora sentisse desde o início uma sensação maravilhosa de liberdade e ligação às raízes do meu povo, sobretudo quando comecei a gingar ao som do berimbau.”


“A capoeira, em Santo André, teve início em 1965 com os Mestres José de Freitas, Alírio Ferreira e Ananias, no Clube Elite em Utinga. Com eles treinou o Mestre José Andrade, meu mestre, que veio a formar-se com o Mestre Pinatti, em 1969. Fui formado na capoeira em 10 de janeiro de 1974. Em 27 de fevereiro do mesmo ano e, cheio de sonhos e planos, fundei a Associação de Capoeira Nova Luanda, na rua Martins Francisco, 27, no bairro do Parque das Nações.

Em 1978, após quatro anos de atividades, surgem as primeiras oportunidades de participação no cenário da capoeira esporte. A Nova Luanda revelou mais de uma centena de campeões entre as décadas de 1970, 1980 e 1990. Os três primeiros campeões internacionais da história da capoeira: Mestre Celso de Moura, Contra Mestre Edmilson Sebastião da Silva e Mestre Cesar Augusto Barros dos Santos. Dentre os campeões brasileiros: Mauro Porto da Rocha, Aguinaldo Xavier, João Moreira, Hermes Soares dos Santos, Luiz Roberto Ferreira (Mestre Carioca), Tadeu de Assunção Ferreira, Ivo Reis do Carmo, José Nicomédio dos Santos (Mestre Besouro - falecido) e José Maria Cardoso Costa (Ousado). Destacaram-se como

campeões paulistas: Paulo dos Santos Nunes, Claudio de Campos, Diolino Pereira de Brito, Jadiel Conceição Smith (falecido), José Roberto Badanai, Sérgio de Oliveira Marques, Marcelo Mailaro, Airton Xavier e João Paulo Scarpelini. Esses são alguns dos meus ex-alunos que se despontaram no cenário esportivo da capoeira. E eu, que, após dedicar-me à capoeira esporte competição por quase duas décadas, pude alcançar os títulos de tricampeão brasileiro individual, por equipe, e melhor índice técnico do III Troféu Brasil de Capoeira em 1982.

Da Associação de Capoeira Santo André, Marcos Sampaio foi o primeiro atleta a integrar a primeira seleção paulista de capoeira em 1975. Nossa cidade, que em 1975 tinha apenas duas equipes de capoeira, Nova Luanda e Santo André, hoje ultrapassa a casa das sessenta associações.

Tive o privilégio de ser eleito presidente da Federação Paulista de Capoeira, FPC, primeira federação de capoeira do mundo. Meu mandato, apesar das dificuldades e percalços, se estendeu por três reeleições. Permaneci à frente da FPC de 1993 a 2005, período em que conseguimos avançar em vários aspectos da capoeira: esporte, cultura, inclusão social e educação. Entres nossas conquistas destaco a inclusão da capoeira enquanto modalidade extra nos Jogos Regionais do Interior, a participação em convenções, feiras, festivais, congressos e nas Conferências Estaduais da Criança e do Adolescente, da Cultura e da Igualdade Racial.

Conquistamos, ainda, assento na Conferência Nacional do Esporte. Em parceria com o Sesc Pompéia, realizamos também o Projeto Capoeiristas do Amanhã e o II Campeonato Internacional – Troféu Airton Neves Moura – com a participação das equipes do Chile, Moçambique, África do Sul, Paraguai, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Participamos da 1ª Semana Municipal de Capoeira de São Paulo e promovemos uma agenda de cursos para capacitação de profissionais de capoeira.”