Mestre Aberrê

Nome: Antônio Raimundo Argolo

Nascimento: 06/08/1895

Falecimento:??/09/1942

Naturalidade: Salvador/BA

Nacionalidade: Brasileiro

Apelido: Aberrê

Filiação:

Maria R. de Argolo

Ângelo Argolo


Mestre: Pastinha


Graduação: Mestre

Mestre Aberrê

1895 - Antônio Raimundo Argolo (Aberrê) nasceu no 6 de agosto em Salvador, no mesmo ano que o Besouro, filho de Ângelo Argolo e Maria R. de Argolo.

1910-12 - Aprendeu capoeira com Mestre Pastinha. Depois treinava na baixada de Matatu Preto, em Matatu.

1935 - Começou ensinar Mestre Canjiquinha (que tinha 10 anos).

1936 - Em fevereiro lutou com Mestre Bimba em Parque Odeon em Salvador.

1939 - Em 23 de fevereiro começou trabalhar como pedreiro na Santa Casa de Misericórdia da Bahia. Residiu em Pitangueiras, n° 50.

1941 - Ajudou Mestre Pastinha voltar a capoeira Angola.

1942 - Faleceu em setembro em Fuisco de Baixo, Ladeira do Jacaré, de acordo com os manuscritos de Mestre Pastinha.


Nas palavras de Mestre Canjiquinha:

Aprendi capoeira em 1935 e meu mestre foi o finado Aberrê. Se eu sei alguma coisa, a ele eu agradeço.


Eu era menino, menino. Tinha lá uma baixada chamada Matatu Preto, um morro no bairro do Matatu e lá embaixo tinha um largo, um terreiro. Lá, aos domingos, vinham todos aqueles capoeiristas, vinha Onça Preta, Geraldo Chapeleiro, Totonho Maré, Creoni, Chico Três Pedaços, Pedro Paulo Barroquinha, finado Barboza e esse cidadão chamado Antonio Raimundo, apelidado por todos Aberrê. Todo domingo eu ia lá olhar, até que um dia ele me chamou e disse: "Meu fio, venha cá. Cê que aprende capoera?" Eu disse: quero. Então ele mandou eu me abaixar e vupt, deu um chute. Eu depressa dei um pulo pra trás e ele: "Óia, meu fio, a partir de hoje vô lhe ensina."


A partir desse dia, todo domingo eu tava lá e ficava naquela: vai pra lá e vem pra cá, isso é assim, desce pra lá, negativa e queda de rim… E assim ia. Às vezes ele mandava eu ficar em pé e me empurrava. Eu perguntava: Por que empurra assim? E ele: "Por que empurra? e se amanhã cê tiver na rua e um cara lhe empurra? Cê sabe cair?"


[..]


ABERRÊ usava uma camisa azul e branco decotada cheia de medalhas, mas naquele tempo não tinha disputa.


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Meu mestre morreu assim: ele acabou de comer feijão com fato. Antigamente matava. Hoje não que é tudo gelado. Ele acabou de almoçar, cantou capoeira. Aí um aluno dele foi jogar. Tomou uma rasteira. Com aquilo, ele chocou, comprou o jogo. Quando ele deu o aú prá lá outro prá cá já caiu todo roxo. (...) Naquele tempo, não tinha carro pra levar pro Pronto Socorro. Quando chegou na Assistência que ficava na rua da Ajuda já estava morto.

Nas palavras de Mestre Pastinha

Em principio do ano de 1941, o meu ex-aluno Raimundo, mais conhecido pelo automasia de “Aberre” sempre me convidava para eu voltar a praticar a capoeira, para tomar conta de uma como instrutor, ao que eu sempre respondia: Eu já me afastei e não pretendo voltar mais a esse esporte. Aberre então, me convidou para ir apreciá-lo jogar no Jingibirra, com o que eu concordei, em 23 de fevereiro de 1941.

Nas palavras de Mestre Onça Preta

Pulei com Aberrê (preto forte que só lutava de terno branco e lenço vermelho no pescoço) e muitos outros, hoje mortos.


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- Lembro bem da morte de Aberrê. Foi numa roda animada, na Cidade Baixa. Bem no centro, onde fica a Estrela de Salomão. Aberrê dominava o adversário. De repente, sem ninguém esperar, caiu. O outro esperava que ele se erguesse, pois em briga de capoeirista de verdade, não se bate em homem arriado. Mas nada de Aberrê se levantar. Só então percebemos: estava morto. Era um ataque de coração. Durante semanas, ninguém brincou na Bahia. Todo mundo entendeu que havíamos perdido um grande mestre, um excelente amigo.